Temer age para tranquilizar empresários após insatisfação

Palacio-do-Planalto041Para desfazer a insatisfação do empresariado, que se decepcionou com alguns sinais emitidos pelo novo governo, o presidente interino, Michel Temer, saiu pessoalmente a campo para acalmar os ânimos. Avisou lideranças empresariais que não aumentará impostos no curto prazo.

Temer fez questão falar diretamente ao presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, que não há condições de encampar a volta da CPMF e justificou dizendo que não só o empresariado resiste à ideia como também a maioria do Congresso.

Também fez chegar a dirigentes de outras entidades empresariais que vai cortar gastos e organizar o orçamento antes de propor o aumento de impostos, para demonstrar que o governo está disposto a fazer sacrifícios antes de pedir uma contrapartida à sociedade.

SEM MAIS IMPOSTOS

Os empresários reconhecem que a situação das contas públicas é crítica, mas não pretendem negociar aumento de impostos até o governo mostrar disposição de cortar gastos e aprovar reformas para ajustar as contas do governo no longo prazo.

Eles consideram, porém, que o governo poderia recorrer ao aumento da Cide (que incide sobre combustíveis), em vez da CPMF.

Entre essa contribuição, que incide sobre os combustíveis, e o “imposto do cheque”, os empresários consideram o segundo mais danoso à atividade.

Além disso, como último recurso para evitar um aumento de carga tributária, o setor produtivo poderia pressionar o governo a subir a Cide apenas nas refinarias e evitar que a alta chegue aos preços praticados nas bombas. Isso já foi feito no passado.

Nesse cenário, a equipe econômica de Temer começou a esboçar sua disposição em organizar a casa.

Nesta sexta (20), foi apresentada uma previsão classificada como “realista” das receitas e despesas do governo para este ano.

APRESENTAÇÃO

Outra providência foi aplacar as queixas sobre o esvaziamento do antigo Ministério do Desenvolvimento, hoje da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, que foi entregue ao presidente do PRB, Marcos Pereira.

O governo está intensificando os contatos de Pereira com empresários para quebrar a resistência ao seu nome. Bispo licenciado da Igreja Universal, o novo ministro foi nomeado para o posto em troca do apoio de seu partido a Temer no Congresso.

Representantes do setor produtivo demonstram preocupação com a pouca proximidade do político com os temas do ministério. Por isso, Pereira recorreu a empresários com quem tem relação e pediu que lhe abrissem portas no meio econômico.

Segundo a Folha apurou, ele teve uma conversa com o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade, que foi marcada com a ajuda de Joesley Batista, do JBS.

Outro empresário próximo, Mário Garnero, da Brasilinvest, organizou nesta sexta (20) um almoço para apresentar Pereira a mais de uma dezena de empresários dos setores automotivo, de alimentos, comércio, construção civil, saúde e celulose.

O novo ministro afirmou que manterá a equipe técnica que havia antes da mudança em sua pasta e que, embora tenha perdido atribuições de comércio exterior, trabalhará alinhado com o ministro José Serra (Relações Exteriores) para impulsionar as exportações.

Ele pretende organizar nova rodada de conversas com entidades como CNI (Confederação Nacional da Indústria), Abimaq (fabricantes de máquinas), Abinee (eletrônicos), Abipeças (autopeças) e Anfavea (automotivo).

 

Fonte: www1.folha.uol.com.br